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Política

Passo a passo do caso entre Padilha, Yunes e um envelope

Cláudio Melo explicou na delação entrega de dinheiro
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Cláudio Melo explicou na delação entrega de dinheiro

Um depoimento espontâneo do amigo pessoal de Michel Temer e ex-assessor da Presidência da República José Yunes reforçou, nesta semana, o conteúdo de uma delação da Lava Jato que cita o ministro da Casa Civil, . Em dezembro do ano passado, Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, afirmou que a empresa destinaria R$ 10 milhões para o financiamento eleitoral do PMDB. O dinheiro seria entregue a Padilha. Yunes veio a público confirmar que o ministro lhe telefonou em 2014 pedindo que recebesse uma entrega em seu escritório de advocacia. Entenda o passo a passo da nova crise que envolve nomes da alta cúpula do Planalto, e que vai exigir explicações do ministro a Michel Temer.

A delação
Em dezembro de 2016, veio à tona depoimento do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, parte de acordo de delação premiada na Operação Lava Jato. O executivo citou 70 políticos com quem manteve relação em defesa dos interesses da empresa, incluindo a cúpula do governo: o presidente da República, Michel Temer, e o secretário da Casa Civil, Eliseu Padilha. Em um capítulo chamado “Meu relacionamento com Michel Temer”, Melo Filho diz que o presidente “atuava de forma muito mais indireta, não sendo seu papel, em regra, pedir contribuições financeiras para o partido, embora isso tenha ocorrido de maneira relevante no ano de 2014”. A exceção, segundo o delator, ocorreu em um jantar no Jaburu, que reuniu Temer, Padilha, Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira na época (hoje preso), e Melo Filho.

O na época vice-presidente teria solicitado apoio financeiro para a campanha do PMDB a Marcelo, que definiu um repasse de R$ 10 milhões ao partido. Do valor total, o delator afirmou que R$ 4 milhões seriam entregues a Padilha. Os pleitos de Melo Filho eram feitos via Padilha e Moreira Franco, atual ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Sobre o depoimento à Lava Jato, Temer disse, por meio de nota, que as doações feitas pela construtora ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE.

O envelope para Yunes e a demissão
Cláudio Melo Filho explicou na delação que os R$ 4 milhões entregues a Padilha seriam endereçados ao escritório de advocacia de José Yunes, amigo pessoal de Temer há décadas, ex-tesoureiro do PMDB em  e, na época, assessor especial da Presidência. Yunes diz que, de fato, recebeu um envelope que afirma não ter aberto. Menos de uma semana após a divulgação do depoimento, Yunes pediu demissão do cargo de assessor da Presidência, em que atuava desde julho. Segundo o ex-executivo da Odebrecht, o advogado tinha um salário de R$ 14.700. Em uma carta endereçada a Temer, o amigo do presidente justifica a demissão por ter visto seu “nome jogado no lamaçal de uma abjeta delação”. Ele afirmou ainda desconhecer Cláudio Melo Filho, cuja existência tomou “conhecimento nos meios de comunicação”. 

O depoimento espontâneo
Nesta semana, o ex-assessor de Temer prestou um depoimento espontâneo ao Ministério Público com sua versão dos fatos. Ele relatou ter recebido em seu escritório um “envelope” do doleiro Lúcio Funaro, a pedido de Padilha, durante a campanha presidencial de 2014. Funaro era operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, hoje também preso pela Lava Jato. Em entrevista à jornalista da Globo News Andréia Sadi, o advogado diz que nunca esteve com Claudio Melo, que não participou do jantar no Jaburu e que também desconhece Funaro. Sobre o conteúdo do envelope, ele diz que seria “uma descortesia e até falta de ética [abrir o pacote]. Não imaginei [que era dinheiro], honestamente não imaginei”. Yunes, que está falando abertamente à imprensa, diz que foi uma “mula” de Eliseu Padilha, que teria ligado para ele  em 2014 para pedir que recebesse um documento em seu escritório em São Paulo. Na quinta-feira (23), o advogado se encontrou com Temer no Palácio da Alvorada para “tratar de um outro assunto particular”, como disse à Globo News”.

Dor de cabeça para Padilha
O depoimento de Yunes deve complicar a vida do ministro-chefe da Casa Civil. A expectativa é de que a Procuradoria-Geral da República (PGR) peça, nas próximas semanas, a abertura de um inquérito para investigá-lo. Na última segunda-feira (23), o ministro passou mal e foi internado no hospital das Forças Armadas em Brasília, onde ficou dois dias devido a uma obstrução urinária provocada por uma hiperplasia prostática benigna. Ele viajou para (RS), onde retirará a próstata, provavelmente neste fim de semana. Sua licença médica vence no dia 6 de março, quando retorna ao Palácio do Planalto. A agenda oficial do ministro não contém compromissos desde terça-feira (21).  O Palácio do Planalto e a assessoria de Padilha não se pronunciaram sobre o depoimento de Yunes.  Segundo o jornal O Globo, Michel Temer manterá Eliseu Padilha na alta cúpula do governo, mas quer explicações sobre as acusações feitas por Yunes.

Temer: “auxílio formal e oficial”
O presidente Michel Temer afirmou que pediu auxílio à Odebrecht e que todos os recursos recebidos da construtora na campanha de 2014 foram registrados legalmente. Em nota, o Palácio do Planalto comunicou nesta sexta-feira (24) que Temer “não solicitou que nada fosse feito sem amparo nas regras da Lei Eleitoral”. “Quando presidente do PMDB, Michel Temer pediu auxílio formal e oficial à Construtora Norberto Odebrecht. Não autorizou, nem solicitou que nada fosse feito sem amparo nas regras da Lei Eleitoral. A Odebrecht doou R$ 11,3 milhões ao PMDB em 2014. Tudo declarado na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral. É essa a única e exclusiva participação do presidente no episódio”, diz a nota.

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