Adversário de Reinaldo Azambuja (PSDB) na disputa ao Governo do Estado, o engenheiro Marcelo Bluma (PV) acredita que o tucano deveria abandar a corrida eleitoral para se defender das acusações relativas ao suposto recebimento de propina para liberação de benefícios fiscais ao frigorífico JBS.
A Polícia Federal cumpriu, na manhã desta quarta-feira (12), mandado de busca e apreensão na casa do governador Reinaldo Azambuja. A ação faz parte da Operação Vostok, que cumpre 41 mandados de busca e apreensão e outros 14 mandados de prisão temporária em várias cidades do Estado.
As investigações foram iniciadas no começo deste ano baseadas na delação premiada de executivos da JBS. Os colaboradores detalharam os procedimentos adotados junto ao governo do Estado para a obtenção de benefícios fiscais, os chamados TARE’s.
O inquérito foi autorizado e tramita no STJ (Superior Tribunal de Justiça), em Brasília, que decretou as medidas em cumprimento.
Marcelo Bluma diz que foi surpreendido pela notícia da operação e que isso “compromete imensamente o governo estadual”.
“Nenhum juiz vai autorizar busca e apreensão na sua casa ou na minha casa se não tiver indícios muito fortes. A casa do cidadão é o lugar mais preservado pela Constituição. O juiz não autorizaria por suposições, em hipótese alguma”, defende Bluma. “A casa é um lugar quase que inviolável do cidadão”.
O candidato do Partido Verde classifica como “muito grave” as prisões ocorridas nesta quarta, por se tratar de pessoas que são ou eram ligadas à atual gestão do Parque dos Poderes. Inclusive, acredita que a situação pode piorar ainda mais para Reinaldo Azambuja.
“Acho que daqui até o dia 7 [de outubro, dia da votação no primeiro turno] pode acontecer um problema desse [prisão de Reinaldo] ou logo depois, o que é pior”, dispara Bluma. “Acho que o governador deveria ter a grandeza de parar com sua candidatura à reeleição. Deixando claro para a população de Mato Grosso do Sul que ele está renunciando para ir se defender dessas acusações para não constranger o povo sul-mato-grossense”.
Prisões
A Operação Vostok, deflagrada nesta quarta-feira (12) pela Polícia Federal, cumpre 14 mandados de prisão temporária determinadas pelo ministro Felix Fischer, do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Entre os alvos estão o filho do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e o deputado estadual Zé Teixeira (DEM).
São alvos: Rodrigo Souza e Silva, Ivanildo da Cunha Miranda, João Roberto Baird, Jose Ricardo Guitti Guimaro, Antonio Celso Cortez, Elvio Rodrigues, Francisco Carlos Freire de Oliveira, José Roberto Teixeira, Marcio Campos Monteiro, Miltro Rodrigues Pereira, Nelson Cintra Ribeiro, Osvane Aparecido Ramos, Rubens Massahiro Matsuda e Zelito Alves Ribeiro.
De todos os mandados de prisão, 13 já teriam sido cumpridos e apenas um segue em aberto, o que trata do filho de Reinaldo, Rodrigo Souza e Silva. A expectativa é que Rodrigo se apresente na sede da Polícia Federal durante a tarde, o governador Reinaldo deve acompanhar o filho.
Operação
A Polícia Federal divulgou que aproximadamente 220 policiais federais cumprem 41 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de prisão temporária, no âmbito da Operação Vostok, em Campo Grande, Aquidauana, Dourados, Maracaju, Guia Lopes de Laguna, e no município de Trairão, no Estado do Pará.
Além destes, também foram cumpridos outros três mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Estadual do Mato Grosso do Sul, pedidos pelo MP-MS (Ministério Público Estadual), de ações, que segundo a PF, têm o mesmo objeto ligado aos fatos investigados em âmbito federal.
