Representação protocolada no MPT-MS (Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul) pede investigação das ‘condições desumanas’ de trabalho do Consórcio Guaicurus. O documento, assinado pela vereadora Luiza Ribeiro (PT), é embasado nas oitivas de ex-funcionários das empresas do transporte coletivo.
Durante a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investigou as empresas, dois ex-funcionários relataram as rotinas exaustivas no Consórcio. Jornadas de mais de 10h sem almoço, goteiras nos ônibus e superlotação foram relatos dos ex-funcionários.
Outro ex-funcionário participante da oitiva declarou rotina exaustiva de trabalho, com carga horária acima do permitido por legislação. Ademais, disse que não possuía local para alimentação.

Ex-funcionário do Consórcio na CPI durante oitivas:
“Também fui obrigado a colocar passageiros para dentro do ônibus até não caber mais. Eu não aguentei mais esse tipo de situação e pedi afastamento, pois as condições estavam desumanas”
Consórcio atrasa vale
Nesta terça-feira (22), motoristas da concessionária fizeram uma paralisação de uma hora e meia. Então, o movimento fez com que trabalhadores se atrasassem, o preço de corridas por aplicativo disparasse, e se instaurasse o caos pela cidade.
A categoria reivindica o “vale”, que é o adiantamento de parte do salário pago todo dia 20 de cada mês. Além disso, o STTCU/CG (Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande) denunciou que o pagamento está atrasado.
Após duas horas de reunião com a Prefeitura de Campo Grande, o diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, Themis de Oliveira, deixou o prédio sem dar entrevista à imprensa. Assim, aos jornalistas, ele se limitou a dizer: “Estamos em negociação”.
Entre 2023 e 2025, o Consórcio Guaicurus deixou de pagar mais de R$ 40 milhões à Prefeitura de Campo Grande, por conta da isenção do ISS (Imposto sobre Serviços). Desde 2022, o benefício é permanente.
Pedido de ações contra empresas
A vereadora, que integrou a CPI do Consórcio, apontou as irregularidades trabalhistas registradas em oitivas. São elas: carga horária excessiva, ambiente insalubre, com ausência de ar-condicionado nas cabines e falta de assentos adequados, ausência de local digno para o trabalhador se alimentar e supressão de intervalos intrajornada e descanso semanal.
“Evidenciam que o Consórcio Guaicurus como um todo, bem como cada uma das empresas que o integram, desrespeitam os direitos trabalhistas de seus empregados e praticam assédio moral”, destacou a vereadora no documento.
Assim, na representação protocolada em 17 de outubro no MPT-MS, a vereadora pede a instauração de procedimento investigatório contra as empresas. Ademais, pede que, ao fim, o Ministério implique o Consórcio em “ações judiciais, para responsabilizar o representado e aplicar-lhe as combinações previstas nas normas legais aplicáveis, e pelo descumprimento de direitos trabalhistas”.
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‘Adoecidos’
O ex-motorista do Consórcio, Wesley Moreli, já não mora em Campo Grande, prestou oitiva na CPI. Então, Wesley, conhecido como ‘Príncipe do Consórcio’, relatou que possuía acúmulo de função. “A gente acabava exercendo mais de uma função, era motorista e acabava jogando a gente para fazer manobra”, disse.
Ônibus sucateados aumentavam os pesares do trabalho, informou aos vereadores. “O estresse diário, elevador e luzes queimados, em dia de chuva caia água na gente. Isso foi estressando, deixando a gente doente”, afirmou.
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