Pular para o conteúdo
Política

Vereadores criticam qualidade do transporte público, mas Câmara nunca pautou CPI

Levantamento do Midiamax mostra que, nos últimos anos, Consórcio Guaicurus escapou de sete CPIs
Mariane Chianezi -
Câmara pode realizar audiência pública sobre o assunto em fevereiro, revela vereador. (Fotos: Izaias Medeiros/CMCG e Henrique Arakaki/Midiamax)

Vereadores da Câmara Municipal de ouvidos pelo Midiamax criticaram a qualidade do serviço prestado pelo no transporte público, após o anúncio de reajuste de 3,51% no passe de ônibus. Entretanto, a Casa de Leis nunca pautou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a fundo os problemas crônicos enfrentados pelos usuários. Com uma média de quase um pedido de investigação por ano, o consórcio já “escapou” de sete CPIs.

Com 29 vereadores, uma CPI precisa de 10 apoiadores para instauração da investigação. Com valor de R$ 4,95 a partir desta sexta-feira (24), a tarifa cobrada em Campo Grande é a 11ª maior entre as capitais. Goteirassuperlotaçãofrota sucateada e falta de acessibilidade estão entre os principais desafios enfrentados pelos usuários do Consórcio Guaicurus.

Para o ex-presidente da Câmara, o vereador Carlão (PSB), além da qualidade, um dos problemas a serem debatidos é a responsabilidade das gratuidades concedidas. Ele não criticou o aumento. “Tem que corrigir para exigir. É preciso melhoria urgente no transporte público. Ou corrige ou subsidia”, disse ele.

Clique aqui para seguir o Jornal Midiamax no Instagram

Já o vereador Clodoison Pires (PODE) questionou a falta de informações relativas aos investimentos que o Consórcio fará após o reajuste. “A reunião sobre o reajuste teve a participação das entidades responsáveis pela fiscalização do serviço público. Será que na pauta constou que a precariedade é a realidade enfrentada pelos usuários? Qual foi e qual será o investimento na qualidade do transporte?”, indagou.

O ex-prefeito e atual vereador Marquinhos Trad (PSD) criticou o reajuste e disse que a instalação de uma CPI precisa ser analisada por toda a Câmara. “A CPI precisa preencher requisitos jurídicos tanto objetivos quanto subjetivos. Isso deverá ser analisado de forma plural e não individual”, disse ele.

Durante seu tempo à frente do Executivo Municipal, o valor da tarifa cobrada dos usuários aumentou R$ 0,85, saindo de R$ 3,55 em 2016 para R$ 4,75 em 2022. Ele ressalta que, mesmo com o reajuste, a prefeitura, à época, precisou subsidiar parte do valor, além de conceder incentivos fiscais ao consórcio.

Ônibus utilizados no transporte público de Campo Grande (Arquivo, Midiamax)

Para o presidente da Comissão do Consumidor da Câmara, o vereador e vice-presidente da Casa, André Salineiro (PL), é notório o caos do transporte público. Ele promete fazer um pente-fino no contrato de concessão do serviço para identificar as falhas e responsabilidades. “Solicitei à Presidência (da Câmara) uma audiência pública já para o dia 26 de fevereiro no plenário da Câmara Municipal e aguardo a confirmação”, informa.

A vereadora Ana Portela (PL) acredita que é preciso repensar o atual modelo de transporte público da Capital. Ela ressalta que o reajuste da tarifa não partiu do Executivo, mas sim de ordem judicial. “(O transporte) Se baseia no número de passageiros, o que cria um ciclo vicioso: tarifas mais altas afastam os usuários, o que leva à redução da frota, aumenta a superlotação e piora o serviço. Isso, por sua vez, diminui ainda mais o número de passageiros, gerando novos aumentos de tarifa. Esse modelo está claramente ultrapassado e precisa ser repensado”, ressaltou.

A parlamentar também prometeu dedicar esforços para desenvolver projetos que melhorem a qualidade do serviço. O colega de partido, o vereador Rafael Tavares, afirmou ao Midiamax que já está estudando a possibilidade de um pedido de abertura de CPI. “Sobre o aumento da passagem, o PT conseguiu destruir o equilíbrio fiscal e a inflação está deixando tudo mais caro. Vamos verificar o que a Câmara pode fazer para aliviar o bolso do campo-grandense”, finaliza.

Clique aqui para seguir o Jornal Midiamax no Instagram

Campo Grande passa a ter a 11ª tarifa mais cara entre as capitais após reajuste (Nathália Alcântara, Jornal Midiamax)

Histórico de ‘livramentos’

O cenário de descaso com o público das empresas é contrastado com a série de ações judiciais e pedidos de reajuste do preço da tarifa movida pela concessionária. O aumento da passagem foi o estopim para a primeira CPI cogitada para investigar o Consórcio Guaicurus há 10 anos em Campo Grande.

Em 2015, a Casa de Leis discutiu uma CPI após a concessionária garantir aumento na tarifa de R$ 3 para R$ 3,25, mesmo tendo isenção fiscal. Porém, não houve apresentação de requerimento. Um ano depois, vereadores citaram iniciativas falhas de CPI na Casa de Leis, inclusive denúncias ao MPMS (Ministério Público de ) na época. Contudo, novamente, a apuração ficou apenas na conversa.

Em 2016, alguns parlamentares ainda sugeriram que a investigação deveria partir da Prefeitura de Campo Grande, na época comandada por (PP). A sugestão surgiu após o Jornal Midiamax revelar que os ônibus ficariam “escondidos” nas garagens. Ainda assim, nada aconteceu naquele ano novamente.

Foi a partir de 2019 que os parlamentares avançaram os pedidos de investigação. O ex-vereador Vinícius Siqueira solicitou abertura de uma CPI na Câmara naquele ano. O cenário era o mesmo: veículos parados enquanto a superlotação reinava na Capital. Uma série de reportagens do Midiamax relatou a situação.

No mesmo ano, houve sugestão de uma segunda CPI. Portanto, houve possibilidade de duas CPIs serem instauradas naquele ano. O Midiamax revelou, com exclusividade, delação premiada que trouxe à tona suposto direcionamento na licitação que o Consórcio Guaicurus saiu vencedor, em 2012.

O assunto voltou à tona em 2020, quando parte da frota “venceu”, ou seja, ônibus velhos demais para os padrões previstos em contrato continuaram circulando, mas também não houve avanço.

Em 2021, houve pedido de abertura de investigação do vereador Marcos Tabosa. O requerimento chegou a 12 assinaturas. No entanto, a Procuradoria da Câmara avaliou a solicitação de apuração como ampla demais e arquivou o pedido.

No início dos trabalhos legislativos de 2022, o ex-vereador André Luis apresentou requerimento para abertura da CPI que investigaria as empresas de ônibus a partir do contrato de concessão — de outubro de 2012 até 2022. Contudo, após tratativas e número suficiente de assinaturas, o requerimento da CPI foi arquivado.

(Por Marcus Moura e Mariane Chianezi)

💬 Fale com os jornalistas do Midiamax

Tem alguma denúncia, flagrante, reclamação ou sugestão de pauta para o Jornal Midiamax?

🗣️ Envie direto para nossos jornalistas pelo WhatsApp (67) 99207-4330. O sigilo está garantido na lei.

✅ Clique no nome de qualquer uma das plataformas abaixo para nos encontrar nas redes sociais:
Instagram, Facebook, TikTok, YouTube, WhatsApp, Bluesky e Threads.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais
dolar

Dólar volta a cair e fecha abaixo de R$ 5,45 com Fed no radar

vereadores

Vereador vê colega fazer ‘gesto ofensivo’ na Câmara, mas vereadora rebate e alega condição médica

Mulher abre vaquinha para realizar cirurgia renal urgente: ‘estou piorando a cada dia’

Batida da polícia na Feirona termina com bebidas artesanais apreendidas em Campo Grande

Notícias mais lidas agora

Rombo de R$ 106 milhões no TCE-MS: STJ ‘enxuga’ ação para julgar Waldir Neves e Iran Coelho

treinadora volei supercopa

‘Momento de orgulho’: de Campo Grande, treinadora nacional de vôlei celebra Supercopa em sua cidade

Colégio Status realiza Prova de Bolsas e Aulão ENEM – Plano B

Programe-se: Agetran anuncia interdições para o final de semana em Campo Grande

Últimas Notícias

Brasil

Veja regras para ser instrutor de CNH sem vínculo com autoescola

A categoria está prevista nas mudanças para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação

Esportes

Equipe do Osasco São Cristóvão já está em Campo Grande para disputa da Supercopa de Vôlei

Sesi Bauru e Osasco São Cristóvão Saúde se enfrentam se enfrentam neste sábado (18)

Brasil

STF retoma julgamento sobre benefícios fiscais para agrotóxicos

Os ministros julgam duas ações que foram protocoladas pelo PV e pelo PSO

Emprego e Concurso

 2ª Vara de Caarapó seleciona assistente de gabinete

Os interessados devem encaminhar currículo atualizado