Pular para o conteúdo
Transparência

Justiça revoga decisão que permitia regularização de ‘gatos’ em invasão da Homex

O juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande, revogou a ordem de regularização de mais de 2 mil “gatos” de energia na invasão da Homex, no Jardim Centro-Oeste, região do Jardim Paulo Coelho Machado, em Campo Grande. A decisão foi tomada após de […]
Arquivo -

O juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de , revogou a ordem de regularização de mais de 2 mil “gatos” de energia na invasão da Homex, no Jardim Centro-Oeste, região do Jardim Paulo Coelho Machado, em Campo Grande. A decisão foi tomada após de audiência virtual envolvendo a , MPMS (Ministério Público Estadual) e a Energisa, na quinta-feira (16).

A decisão de regularizar o fornecimento de energia na área de invasão foi determinada em abril. Na ocasião, o prefeito de Campo Grande, (PSD), havia visitado a localidade e constatado a precariedade das conexões de energia, que ofereceriam extremo risco aos moradores da região, já que a energia era decorrente de furto, conectado a um Ceinf daquela região, que ocasionava frequentes picos e até explosões ao longo do dia.

Assim, como havia a necessidade de se proporcionar condições seguras de isolamento social àquelas pessoas, o prefeito acionou a Energisa, que explicou que a regularização já havia sido tentada – e negada -, posto que se trata de área com reintegração de posse deferida. Ainda assim, Prefeitura e a Energisa peticionaram no processo alertando sobre a situação e justificando a necessidade de isolamento decorrente à pandemia do novo coronavírus. Foi assim que David de Oliveira Gomes Filho deferiu as instalações.

“Observo que o periculum in mora restou configurado por toda a narrativa acima e que a relevância do direito reclamado está presente no princípio constitucional da dignidade da pessoa humana (art. 1o, III da CF) e na recente resolução normativa da ANEEL n. 878 de 24/03/2020 (art. 2o., III, “a”). Preenchidos, portanto, os requisitos do art. 300 do CPC”.

Todavia, cerca de dois meses após a decisão, o magistrado manifestou que parecia equivocada a ideia de levar energia a uma área que está sendo objeto de reintegração de posse, com liminar deferida. O magistrado aponta que além da regularização não poder ser feita com a rapidez que foi apontada no peticionamento da Prefeitura, estaria ausente a “disposição dos próprios moradores de colaborar” e, por fim, possibilidade iminente de cumprimento do mandado de reintegração de posse da área.

Sem rapidez e ‘desinteresse’

Primeiramente, o juiz observou que a homologação de acordo parcial por parte dos cerca de 10% de moradores que conseguiram instalar os padrões de energia elétrica “colocaria uma pressão muito grande naqueles consumidores que estão com a rede pública pronta em frente a sua casa, por parte daqueles que ainda não conseguiram a tal rede e isso certamente, poderia se desdobrar em ações que fogem do controle do Poder Público”.

Na sequência, Oliveira reconhece que a finaliza da obra iria demorar bastante, “bem além daquele que medidas emergenciais requerem”. “Finalmente, no restante da liminar anteriormente concedida, agora, percebo que ela deve ser revogada, voltando-se ao estado anterior em que haviam decisões indeferindo o perdido liminar”.

Moradores do local ocupam construções abandonadas e barracos (Luiz Alberto)
Invasão da , no Paulo Coelho Machado, em 2016 | Foto: Arquivo Midiamax

“Dois meses já se passaram, 10% da obra foi feia e tudo indica que não se conseguirá fazer o restante dela num curto espaço de tempo. Ora, se não é possível cumprir a decisão rapidamenete, o motivo que justificou sua existência deixa de estar presente. Está ausente a possibilidade de dar atenção ao periculum in mora”, aponta o magistrado.

Ele também sustenta que o “desinteresse” dos moradores da invasão contribui par aa revogação. “Não se pode deixar de consignar que os próprios moradores da região, segundo a notícia que foi dada nessa audiência, estão negligenciando aquilo que seria o mínimo de que deles se esperava. Se desejavam regularizar o fornecimento de energia elétrica, pelo menos os padrões de energia deveriam ser por eles providenciados. Note-se que a Procuradoria do Município mencionou que o valor destes padrões está entre R$ 250 e R$ 300”, pontuou.

Oliveira classifica, portanto, que houve omissão dos consumidores, que “até poderia ser debitada na sua pouca condição financeira, mas, mesmo assim, o silêncio deles fez claro que além da impossibilidade de dar atenção ao periculum in mora, a própria emergencialidade da medida está ausente. Fosse, realmente, emergencial, estas dificuldades teriam sido superadas”, pontua.

Conforme o termo da audiência, ficou determinado prazo de 15 dias para que o município de Campo Grande se manifeste a respeito dos elesmentos de prova já discutidos no processo, podendo, inclusive, formular quesitos. No mesmo prazo, as demais partes e o MPMS poderão fazer outros requerimentos de adequação procedimental.

A respeito da instalação dos padrões de energia, a Energisa afirma que “o custeio do padrão de energia é de responsabilidade do próprio cliente e informa que na última quinta-feira (16/7) a decisão judicial que obrigava a construção da rede de energia no local foi revogada, considerando que a instalação dos padrões não pode ser atribuída à concessionária”.

(matéria alterada às 12h45 de 17/07/2020 para incluir posicionamento da empresa)

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Carro fica crivado com 14 tiros na região de fronteira

Documentário ‘Mulheres na Ciência’ será exibido na TV aberta

Treino aberto de equipes da Supercopa de Vôlei dá oportunidade para torcedores que não poderão assistir os jogos

Barroso vota por descriminalizar aborto até 12ª semana de gestação

Notícias mais lidas agora

Detran-MS

MP autoriza prorrogar pela oitava vez inquérito contra indicado de político por corrupção no Detran-MS

Treino aberto de equipes da Supercopa de Vôlei dá oportunidade para torcedores que não poderão assistir os jogos

multas transporte

Juiz ignora ameaça de cortar vale-transporte e nega suspender multas contra o Consórcio Guaicurus

Familiares procuram por Evelin, desaparecida há nove dias em Campo Grande

Últimas Notícias

Polícia

Mulher é vítima de tentativa de homicídio com golpes de facão da cabeça

O crime ocorreu na região da Avenida Guaicurus

Brasil

Barroso autoriza enfermeiros a auxiliar aborto legal e proíbe punição

O ministro também garantiu que os profissionais não podem ser punidos

Brasil

Câmara já gastou R$ 3,3 milhões com deputados presos ou fora do Brasil

R$ 3,3 milhões para custear gastos do gabinete de parlamentares

Polícia

Quatro agressores são presos pela Delegacia da Mulher em menos de 12 horas

4 agressores foram presos pela Delegacia de Atendimento à Mulher de Três Lagoas