Pular para o conteúdo
Transparência

Juiz nega devolver carro de luxo apreendido na Operação Status a cadastrada no Auxílio Emergencial

Decisão da 5ª Vara Federal considerou que solicitante não comprovou condição de adquirir bem de garagem investigada por lavagem.
Arquivo -

O juiz Dalton Igor Kita Conrado, da 5ª Vara Federal de Campo Grande, negou pedido à suposta compradora de um veículo de luxo apreendido em revenda de veículos durante a Operação Status, deflagrada em 11 de setembro de 2020 contra um grupo especializado na lavagem de dinheiro do .

Ao rejeitar a restituição do veículo, o magistrado acatou argumentos do MPF (Ministério Público Federal) que questionaram a capacidade financeira da reclamante de adquirir o automóvel –um Mini Cooper avaliado em mais de R$ 100 mil. Entre elas, o fato de a autora do pedido ter recebido parcelas do Auxílio Emergencial e não comprovar, via Imposto de Renda, renda de empresa da qual afirmou ser proprietária.

No pedido, a autora alegou ser a dona do bem, comprado em fevereiro de 2020 da revenda Classe A sob pagamento de ágio de R$ 55 mil. Depois de obter laudo que confirmava as condições do automóvel e falta de restrições, houve a tradição do bem, em seu poder desde então. Contudo, o contrato de venda teria ficado na Classe A e apreendido na Status –alegando ainda não ter relação com os investigados.

O MPF, porém, apontou que não foi comprovada a capacidade econômica da embargante e da aquisição do bem. “Informa, inclusive, que esta requereu o benefício do governo federal consistente no auxílio emergencial”, destacou a decisão.

Sobre isso, a requerente disse ser empresária e com condições para a compra, sendo o pedido do auxílio um “equívoco ou uma fraude cometida por terceiros” –apresentando boletim de ocorrência para justificar a alegação. Por conta da pandemia, ela alegou não ter conseguido quitar o financiamento, o que justificaria não ter ocorrido a transferência até o momento.

Mesmo assim, o MPF reiterou o entendimento anterior pela negativa ao pedido.

Solicitante não conseguiu comprovar capacidade financeira, conclui juiz

Kita Conrado, por sua vez, lembrou que a Classe A estaria envolvida com a movimentação e ocultação de patrimônio vindo do tráfico de drogas; e que a solicitante teria feito a compra meses antes de a Status sair do papel. Contudo, concordou que ela não teria conseguido “demonstrar satisfatoriamente” o negócio e sua capacidade econômico.

“Inicialmente, tem-se que o suposto negócio jurídico entabulado pelas partes é bastante incomum”, destacou o juiz federal, ao recuperar o relato. O veículo teria sido comprado em fevereiro de 2020 (sem informação da data exata e sem que a compradora ficasse com sua cópia do contrato). Teriam sido pagos R$ 35 mil na data, mediante dois depósitos no mesmo dia, e sido feita a tradição do bem sem a quitação do financiamento, pagamento da entrada integral ou transferência nos órgãos de trânsito. Mesmo assim, a Classe A teria entregue o carro.

“Não parece crível que uma empresa especializada na comercialização de veículos entregue um veículo avaliado em mais de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a um terceiro desconhecido e sem qualquer vínculo sem nem ao menos ter qualquer garantia do negócio jurídico celebrado. Mais incomum ainda que o veículo tenha permanecido registrado em nome da pessoa jurídica Classe A por meses não havendo sequer notícias de quando seria realizada sua transferência”, anotou o magistrado.

O juiz também atentou para a suposta solicitação de Auxílio Emergencial feita pela autora dizendo que, apesar de rebatida pela defesa, “é relevante notar também que o endereço em que residiam a embargante e seu companheiro é notadamente simples e aparentemente incompatível com a renda alegada pelo casal”.

Tais fatos reforçaram as dúvidas sobre sua capacidade financeira para a compra do Mini Cooper –ela ainda anegou declarações de Imposto de Renda de 2018 e 2019 e contrato social de sua empresa, declaração de faturamento e contrato de compra e venda de um novo imóvel, que, para o juiz, “tornam ainda mais inverossímeis as alegações”.

Kita Conrado considerou que as declarações do IRPF não demonstram a capacidade financeira necessária para a compra do veículo e são “totalmente incompatíveis” com a declaração de faturamento de abril de 2017 a março de 2018, em valores superiores a R$ 1 milhão e abaixo dos dividendos pouco superiores a R$ 120 mil do casal em 2018.

O MPF também informou que não há registro de funcionários na empresa. Por fim, a compra do imóvel não teria a propriedade consolidada diante do pagamento parcelado. A compra foi feita em 2019 e não constaria no IRPF dela e de seu companheiro. Diante de tais indícios, o juiz considerou improcedente o pedido.

Operação Status mirou integrantes da família Morinigo

A Operação Status levou 2 anos para sair do papel e mirou empresas de laranjas ou de fechada que seriam usadas para lavar dinheiro do tráfico de drogas. Foram sequestrados mais de R$ 230 milhões em bens e recursos, por ordem da 5ª Vara Federal de Campo Grande –que expediu 8 mandados de e 42 de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados, , Mato Grosso, Paraná, e Rio de Janeiro.

Houve mandados de prisão preventiva em Assunção e Pedro Juan Caballero, no . Doleiros no Paraguai e em Curitiba, Londrina, São Paulo e Rio davam suporte às ações.

Construtoras, administradoras de imóveis e garagens de veículos de luxo foram alvos da ação –uma delas, na Avenida Salgado Filho, foi alvo de batida da Polícia Federal. O foco das operações passou pela família Morinigo: Emídio (pai), Jefferson e Kleber (filhos) seriam os chefes da operação criminosa baseada no tráfico de cocaína.

A operação recebeu o nome de Status em virtude da ostentação dos líderes, proprietários de residências de luxo e carros esportivos de alto valor, além de contratarem artistas famosos para eventos pessoais. Só deles foram sequestrados R$ 150 milhões.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Câmara vota amanhã urgência de PL sobre cobrança por bagagem de mão

Criança é picada por escorpião dentro de escola em MS

Guilherme Boulos assumirá Secretaria-Geral da Presidência

Guia Definitivo: Como Se Tornar um Piloto de Avião

Notícias mais lidas agora

Turn Off: Justiça vai ouvir 79 testemunhas em ação por desvio de R$ 8 milhões da Apae

bonito

Justiça nega liberdade a ex-secretário e empreiteiro presos por corrupção de desvios de R$ 4 milhões 

Brasileiro foi executado com 16 tiros em estacionamento de shopping na fronteira de MS

Câmara faz novo sorteio para relator de processos contra deputados por motim no Plenário

Últimas Notícias

Brasil

Para relator, congresso deve rever as regras de prisão após condenação em 2ª instância

Criticou a proposta do governo federal de centralizar o combate às organizações criminosas

Cotidiano

Distrito de Anhanduí recebe programa ‘Todos em Ação’

Mutirão tem todas secretarias municipais e parceiros da iniciativa privad

Esportes

Santos perde do Vitoria e se complica na luta contra o rebaixamento no Brasileirão

Santos viaja para enfrentar o Botafogo

Cotidiano

VÍDEO: extenso incêndio se expande rapidamente em terreno da Base

Corpo de Bombeiros foi acionado e, ainda não se sabe as causas