O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) esteve nas ruas de Terenos e Campo Grande nesta terça-feira (9) para combater esquema milionário de fraudes em licitações. Dentre os presos está o 3º Sargento do Choque, Fábio André Hoffmeister Ramires.
O envolvimento de um policial do Choque chamou atenção na investigação, que apura esquema baseado em fraudes a licitações de obras no município administrado por Henrique Budke (PSDB), que também foi preso.
Conforme apurado pela reportagem, Hoffmeister também é iniciado na maçonaria, tem seu lado ‘empreiteiro’, gosta de viajar e de uma boa pescaria ao lado da esposa, Jucelia Maria de Oliveira.
Aliás, a companheira do sargento foi alvo de busca e apreensão pelas equipes do Gaeco, durante a operação Spotless. Isso porque ela aparece como única proprietária da Tercam Construções Ltda (CNPJ 73.307.043/0001-98), sediada em Campo Grande.
A prisão do sargento se deu por mandado de prisão preventiva assinado pelo desembargador Jairo Roberto de Quadros. A acusação é financiar, constituir ou integrar organização criminosa.
Conforme informações públicas oficiais, Fábio entrou nos quadros da PM como aluno-bolsista, em outubro de 2008. Atualmente, tem remuneração de R$ 9.319,13, conforme o Portal Transparência do Governo de MS.
Alguns choqueanos ouvidos pela reportagem lamentaram o ocorrido e disseram que não esperavam envolvimento de um colega de farda no esquema de corrupção. “Mas o fato reforça que nossa unidade é isenta, pois prestamos apoio na operação. Nada vazou e ele foi conduzido conforme a ordem judicial”, disse um policial.

Na ação, o prefeito Henrique Budke (PSDB) foi preso, apontado como o chefe da organização criminosa. No total, foram cumpridos 16 mandados de prisão. Segundo as investigações, o esquema envolveu fraudes que superam os R$ 15 milhões.
Entre os presos, estão: Arnaldo Santiago, Sansão Inácio Rezende, Nadia Mendonça Lopes, Orlei Figueiredo Lopes, Genilton da Silva Moreira, Eduardo Schoier, Fernando Seiji Alves Kurose, Henrique Wancura Budke, Hander Luiz Corrêa Chaves, Fábio André Hoffmeister Ramires, Sandro José Bortoloto e Valdecir Batista Alves.
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PM é engenheiro e assinava pela Tercam
No entanto, mesmo concursado e exercendo suas funções na PM, a reportagem encontrou publicações no Diário Oficial do Estado, de outubro de 2021, em que ele assina ordem de execução de serviços em nome da Tercam.
Na ocasião, o PM Fábio responde pela Tercam para o início das obras de reforma na EE. Indígena de EM Professor Domingos Veríssimo Marcos. A empresa do casal recebeu R$ 248.798,54 pelo serviço. Aliás, o contrato foi assinado pelo então secretário de educação, Édio Antonio Resende de Castro, que chegou a ser preso por corrupção, no contexto da Operação Turn Off.

Em outra publicação de março de 2020, ainda quando atuava como cabo, Fábio é incluído como o engenheiro civil responsável técnico por construção de ponte de concreto em uma rodovia vicinal. A obra foi executada pela Airos Construtora Eireli – EPP.
Em nota, o Choque afirma que acompanhou o cumprimento do mandado de prisão contra o sargento e tratou o caso como “ocorrência isolada”. Além disso, afirmou que o crime apontado ao militar será “rigorosamente apurado”.
Ainda, a PM informou que já adotou as medidas administrativas cabíveis “visando assegurar a devida
responsabilização pelas possíveis condutas ilícitas do policial militar envolvido, bem
como outras providências administrativas necessárias”.
Questionado sobre as assinaturas de Hoffmeister como engenheiro responsável por obras públicas enquanto atuava como policial, o Choque ainda não se manifestou.
A reportagem acionou, oficialmente, o governo de Mato Grosso do Sul, para se posicionar sobre a atuação do PM como engenheiro responsável por obras públicas, mas ainda não obtivemos retorno.
A empreiteira também foi procurada pela reportagem, mas as ligações não foram retornadas ou e-mails respondidos. O espaço segue aberto para manifestação.
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Ligação com Terenos
Antes de ingressar nos quadros da PM, Hoffmeister já tinha afinidade com obras. Em 2007, chegou a trabalhar como ‘mestre’ na Belter Construções Ltda. Inclusive, naquela época, também representava a empresa em contratos públicos.
As ligações com Terenos se aprofundam a partir de sua esposa, Jucelia, que afirma em suas redes sociais ser natural da cidade do interior.
Datada de 1993, a Tercam já teria tido sede em Terenos, mas foi transferida para Campo Grande depois. Consta nos dados da Receita Federal que a empreiteira recebeu aporte de R$ 300 mil do casal, o chamado capital social.
Mesmo lotado em Campo Grande, Fábio mantém ligações com o município centro do escândalo. Em outubro de 2022, o PM é iniciado na Grande Loja Maçônica de Mato Grosso do Sul, unidade de Terenos.
Homenageado por ação que terminou com traficante morto
Em 2019, já integrante do Choque, Hoffmeister participa de ação no dia 16 de setembro que resultou na morte de um traficante.
Conforme informações oficiais, os policiais localizaram um depósito de drogas, no Jardim Los Angeles, em Campo Grande, onde encontraram mais de 200 kg de maconha e 3 kg de cocaína.
A polícia informou oficialmente, na época, que o traficante estaria esperando pela equipe, armado, dentro do quarto. Ao se deparar com o Choque, o criminoso teria efetuado um disparo, que atingiu uma parede. Na sequência, os militares reagiram.
O criminoso foi socorrido, mas não resistiu e morreu.
Pela ação, a equipe, incluindo Fábio André, recebeu homenagens na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), prestada pelo deputado estadual, Coronel David (PL), que enalteceu a ação policial: “Retiraram de circulação aqueles que incomodavam a nossa sociedade”.
Prefeito de Terenos chefiava esquema de fraude em licitação
Henrique Budke é apontado como líder da organização criminosa alvo da Operação Spotless, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), nesta terça-feira, 9 de setembro.
A investigação apontou que o grupo liderado por Budke tinha núcleos com atuação bem definida. Servidores públicos fraudaram disputa em licitações, a fim de direcionar o resultado para favorecer empresas.
Os editais foram elaborados sob medida e simulavam competição legítima. Somente no último ano, as fraudes ultrapassaram os R$ 15 milhões.
O esquema ainda pagava propina para agentes públicos que atestavam falsamente o recebimento de produtos e de serviços, bem como aceleravam os processos internos para pagamentos de contratos.
A Operação Spotless foi deflagrada a partir das provas da Operação Velatus, que foi realizada em agosto de 2024. O Gaeco e Gecoc obtiveram autorização da Justiça e confirmaram que Henrique Budke chefiava o esquema de corrupção.
Spotless é uma referência à necessidade de os processos de contratação da administração pública serem realizados sem manchas ou máculas. A operação contou com apoio operacional da PMMS (Polícia Militar de MS), por meio do BPCHq (Batalhão de Choque) e do Bope (Batalhão de Operações Especiais).
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(Revisão: Bianca Iglesias)