O empresário Genilton da Silva Moreira, da Base Construtora e Logística (CNPJ 35.450.684/0001-08), teria liberado a própria assinatura para um ‘concorrente’, que também fazia parte do esquema de fraude em licitações na Prefeitura de Terenos, para uso em procedimentos licitatórios.
Conforme denúncia obtida pelo Jornal Midiamax, Genilton compartilhou a foto da sua assinatura com Fernando Seiji Alves Kurose, proprietário da Construtora Kurose (CNPJ 33.927.696/0001-55), em 22 de março de 2022. A investigação extraiu os dados do celular do próprio Genilton.
Além disso, o dono da Base Construtora e Logística teria ainda autorizado Fernando a pegar um carimbo com sua sogra, mãe de Nadia Mendonça Lopes — também implicada no caso.
Ou seja, para a investigação, isso indicaria uma relação de confiança e de laços fortes entre os membros da organização criminosa, alvo da Operação Spotless, deflagrada em 9 e setembro.
Em maio daquele ano, Fernando ainda teria encaminhado para Genilton uma planilha orçamentária — usada na Tomada de Preços nº 022/2022, que originou a investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).
Fraude em licitações
Então, os editais foram elaborados sob medida e simulavam competição legítima. A investigação apontou que as fraudes na Prefeitura de Terenos ultrapassam os R$ 15 milhões somente no último ano.
O esquema ainda pagava propina para agentes públicos que atestavam falsamente o recebimento de produtos e de serviços, bem como aceleravam os processos internos para pagamentos dos contratos.
Além disso, a Operação Spotless se originou de provas da Operação Velatus, realizada em agosto de 2024.

Compartilhamento de documentos
A investigação aponta que a empresa de Fernando era usada por Genilton para preencher o número de participantes das licitações. Assim, esse era o modus operandi da organização criminosa que atuava em Terenos.
Além da assinatura, os empresários também trocavam documentos, como papéis timbrados e preenchidos e planilhas de orçamento. Assim, conforme a denúncia, Genilton tinha um papel de articulador dentro do grupo, enquanto Fernando atuava mais como um suporte.
A denúncia ainda aponta que, dentro do esquema, Genilton venceu pelo menos três licitações fraudadas: duas reformas de escolas e também lotes da construção de uma ponte e galeria de concreto em Terenos.
A defesa de Genilton e Nádia, feita pelo advogado Pedro Sperb, afirmou ao Jornal Midiamax que todas as questões serão esclarecidas dentro do processo. Entretanto, adiantou que o empresário não exercia nenhuma função de articulador — como apontado pelo Gaeco — e nem compartilhava assinaturas e documentos.
Além disso, Murilo Medeiros, advogado de defesa de Fernando, negou que Kurose tenha combinado ajustes de preços e que, na única licitação pela qual foi denunciado, o empresário perdeu pelo preço.
Vinte e seis denunciados
Assim, o MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul) denunciou o prefeito afastado de Terenos, Henrique Budke (PSDB), e mais 25 pessoas envolvidas no suposto esquema de corrupção na prefeitura, desmontado após Spotless.

Confira os denunciados:
- Henrique Budke (PSDB), prefeito afastado de Terenos
- Arnaldo Glagau (PSD), vereador e empresário
- Arnaldo Santiago, empresário
- Cleberson José Chavoni Silva, empresário
- Daniel Matias Queiroz, empresário
- Edneia Rodrigues Vicente, empresária
- Eduardo Schoier, empresário
- Fábio André Hoffmeister Ramires, policial militar e empresário
- Felipe Braga Martins, empresário
- Fernando Seiji Alves Kurose, empresário
- Genilton da Silva Moreira, empresário
- Hander Luiz Correa Grote Chaves, empresário
- Isaac Cardoso Bisneto, ex-secretário municipal de Obras e Infraestrutura
- Leandro Cícero de Almeida Brito, engenheiro
- Luziano dos Santos Neto, empresário
- Maicon Bezerra Nonato, servidor público municipal
- Marcos do Nascimento Galitzki, empresário
- Nádia Mendonça Lopes, empresária
- Orlei Figueiredo Lopes, comerciante
- Rinaldo Córdoba de Oliveira, empresário
- Rogério Luís Ribeiro, empresário
- Sandro José Bortoloto, empresário
- Sansão Inácio Rezende, empresário
- Stenia Souza da Silva, empresária
- Tiago Lopes de Oliveira, empresário
- Valdecir Batista Alves, empresário
“O que se apurou na investigação é uma organização criminosa instalada no Poder Executivo do Município de Terenos atuando há anos para fraudar licitações e saquear os cofres públicos, um verdadeiro balcão de negócios comandado pelo Prefeito Municipal [Henrique Budke]”, pontuou o procurador-geral de Justiça Romão Ávila Milhan Júnior.
💬 Receba notícias antes de todo mundo
Seja o primeiro a saber de tudo o que acontece nas cidades de Mato Grosso do Sul. São notícias em tempo real com informações detalhadas dos casos policiais, tempo em MS, trânsito, vagas de emprego e concursos, direitos do consumidor. Além disso, você fica por dentro das últimas novidades sobre política, transparência e escândalos.
📢 Participe da nossa comunidade no WhatsApp e acompanhe a cobertura jornalística mais completa e mais rápida de Mato Grosso do Sul.
(Revisão: Dáfini Lisboa)